‘Como ser vegano além da alimentação?’: Entenda mais sobre os cosméticos verdes

O veganismo vai além de não consumir alimentos de origem animal e engloba também a indústria da beleza; saiba mais sobre os cosméticos verdes

Ser vegano é muito mais do que apenas seguir uma dieta sem alimentos de origem animal. Na realidade, o veganismo se baseia em uma filosofia de estilo de vida e posição ética diante da exploração animal. Por isso, é considerado mais radical do que ser vegetariano pelo fato de não consumir nenhum produto derivado dos animais, seja comida, vestimenta ou cosméticos.

Usar produtos de beleza também envole se preocupar com os rótulos e saber se o cosmético é certificado como vegano

Usar produtos de beleza também envole se preocupar com os rótulos e saber se o cosmético é certificado como vegano

Foto: shutterstock 

Para você entender melhor como se aplica o estilo vegano em outros aspectos da vida, principalmente nos produtos de beleza que você usa, é preciso saber que existem vários tipos de cosméticos verdes e que a variação de cada produto depende, principalmente, na forma de produção e composição química. “É importante que as pessoas pesquisem sobre o assunto e os cosméticos escolhidos”, diz Patricia Lima, fundadora da Simple Organic.

Ela ainda explica que, para utilizar esses produtos, a pessoa precisa se autoconhecer e se identificar com os valores do “Slow Beauty”. Esse conceito é uma consciência que constrói a beleza ligada a alimentação, estilo de vida e consumo sustentável sempre pensando no planeta e nas próximas gerações. Entenda mais sobre os produtos de beleza que podem te ajudar a se adaptar nessa escolha consciente:

Cosmético sintéticos, orgânicos, naturais, cruelty-free…

Os cosméticos que são chamados de “sintéticos” ainda são a maioria dos produtos disponíveis no mercado e muitos contam com ingredientes desenvolvidos em laboratório, de origem animal, utilizam corantes, conservantes, silicones, álcool e parabenos, além de que muitos deles são testados em animais.

A diferença para esses e os demais é a formulação: os produtos orgânicos são desenvolvidos com matérias primas naturais certificadas, sem prejudicar a natureza, não utiliza matérias primas de origem animal ou animais para teste. Para as empresas que certificam cosméticos no Brasil, um cosmético orgânico deve atender a uma porcentagem mínima de ingredientes para receber o selo de garantia.

De acordo com a Ecocert, no mínimo 95% das matérias primas precisam ser certificadas como orgânicas. Os 5% restantes podem ser compostos por água e/ou matérias primas vegetais. Já para ser considerado natural, ele deve possuir no mínimo 95% do total das suas matérias primas de origem natural e os 5% restantes por matérias primas orgânicas e/ou sintéticas, desde que, não esteja na lista de ingredientes proibidos pelas certificadoras.

“Um cosmético ser vegano não quer dizer que ele seja natural ou orgânico, ele pode ser inteiramente sintético [feito em laboratório] e ainda assim continuar sendo vegano, porém ele também pode ser totalmente orgânico, natural e vegano”, explica a profissional.

Por fim, a expressão “cruelty-free”, que significa “livre de crueldade” em português, é a categoria de cosméticos que não realizam testes em animais. Todavia, isso não significa que não há matérias-primas provenientes de origem animal em sua composição. Ou seja, é possível ser cruelty-free e não seja verde.

Mas esse tipo de produto não é mais caro?

Um dos principais mitos em relação aos cosméticos veganos, orgânicos e naturais é a questão do investimento. “As pessoas acreditam que os produtos orgânicos são muito caros, quando na verdade o que é existe é uma falta de pesquisa que mostra como hoje já é possível optar pela questão de princípios, valores e qualidade de produtos ao invés do preço”, afirma Patricia.

A sócia-fundadora e diretora de Novos Negócios da Souvie, Caroline Villar, concorda: “A verdade é que para cosmético — seja ele orgânico, vegano, natural ou o convencional – sempre haverá opções acessíveis e mais caras.”

Como saber se estou comprando um cosmético verde?

Segundo Caroline, o consumidor está mais consciente e da mesma forma que começou a ler as rotulagens de alimentos, tem prestado mais atenção aos rótulos dos cosméticos. É no rótulo que deve estar todas as informações sobre composição, modo de uso e o contato do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), caso o cliente tenha alguma dúvida.

“É só o rotulo que vai dizer se a pessoa está sendo induzida a comprar algum produto de determinada marca ou não. É nele que se descobre se existem materiais sintéticos, matérias primas que se quer evitar ou que não faz bem a saúde”, diz Patricia.

Ela também explica que ao observar o rótulo é possível saber se a empresa utiliza a estratégia de marketing chamada de “greenwashing”, um discurso que vende a sustentabilidade, a saúde e a beleza natural sem realmente carregar esses conceitos em toda durante a cadeia de produção. “Um dos exemplos que temos na alimentação é a questão do produto integral ou não. É preciso olhar para rótulos que dizem que o produto é 100% integral e é isso que também acontece com os cosméticos”, complementa.

Preciso substituir todos os meus cosméticos convencionais?

Se você está na fase de adaptação para o veganismo, saiba que não há necessidade de fazer uma transição radical do dia para a noite. “O ideal é começar aos poucos, ver a adaptação da pele e, acima de tudo, os benefícios. O mercado oferece hoje uma infinidade de cosméticos orgânicos, abrangendo cuidados faciais, para o corpo e cabelos”, explica Caroline.

Além disso, Patricia também defende que antes de tudo a pessoa precisa entender o que ela está consumindo e conhecer os conceitos de uma beleza natural. Só assim ela saberá as necessidades dela e comprar sabendo onde a pele dela se adapta e do que ela gosta. “Há quem prefira de maneira radical fazer isso e trocar todos os produtos, porém, não é sustentável e nem recomendado”, diz. “Cada produto que você consegue substituir por um natural já é uma grande vitória já que é um processo de desintoxicação que a pessoa vai sentir a diferença.”

A principal vantagem de se utilizar cosméticos limpos é por estar aliando a questão de estética e beleza com a saúde e, de acordo com Caroline, os benefícios são percebidos na pele a partir do primeiro uso.

O mercado brasileiro

“O mercado nacional de cosmético orgânico ainda é pequeno, existindo muito espaço. Países da Europa e Estados Unidos estão a frente, tendo um grande número de marcas e produtos. Porém, marcas nacionais seguras já possuem espaço no país, diminuindo a necessidade de comprar produtos importados”, afirma Caroline Villar.

O grande desafio, segundo ela, é a experimentação. O consumidor precisa estar aberto a experimentar um novo estilo de cuidado pessoal, com mais respeito a si próprio e ao que vai usar no cuidado diário. “Acreditamos que, assim como em relação aos alimentos, o consumo de cosméticos orgânicos seja um caminho sem volta, ou seja, a partir do momento em que ele começa a fazer parte da rotina de cuidados pessoais, dificilmente o consumidor voltará a usar um cosmético convencional.”

Descarte sustentável

Tão importante quanto pensar no consumo do produto vegano, natural ou orgânico, também é refletir sobre o descarte, principalmente porque o consumo consciente “Slow Beauty” fala diretamente sobre sustentabilidade. “Quando a pessoa vai comprar um produto pensando na beleza, ela também precisa pensar em todo o ciclo de vida daquele produto, no descarte da embalagem. Não existe beleza onde você consome destruindo o meio ambiente e não tendo um processo de reciclagem de lixo”, finaliza Patricia.


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