“Feito na América” diverte ao colocar Tom Cruise entre Pablo Escobar e a CIA
Do diretor de “Identidade Bourne”, “Feito na América” é o tipo de filme cada vez mais raro em Hollywood. É uma produção que não almeja o Oscar nem recordes de bilheteria, apenas propiciar duas boas horas na sala escura
Doug Liman é um dos diretores mais prolíferos e influentes de Hollywood, mas pouca gente parece se importar. São deles filmes bacanas que marcaram época como “Identidade Bourne” (2002) e “Sr. & Sra. Smith” (2005). Só em 2017 lança dois filmes no cinema. O primeiro, “Na Mira do Atirador”, estreou no mês passado no Brasil e o segundo, “Feito na América”, estreia nesta semana.
“Feito na América” é uma produção que não almeja Oscar ou sucesso de bilheteria
Foto: Divulgação
Protagonizado por Tom Cruise, com quem Liman já havia rodado o também bacana “No Limite do Amanhã” (2014), “Feito na América” se escora em um personagem que merecia um filme de Doug Liman. Barry Seal (Cruise) era um piloto da aviação civil norte-americana recrutado pela CIA para afazeres operacionais como fotografar concentrações comunistas em países da América Central durante a guerra fria. Mas o moço subiu na vida.
Assim como a CIA, suas habilidades como piloto – e sua boa relação com a CIA – entraram no radar do emergente barão das drogas Pablo Escobar. De repente, Seal se viu como o estranho vértice de uma relação com um dos homens mais perigosos do mundo e a implacável agência de inteligência americana.
A produção se ocupa de reconstituir essa inacreditável história real, que já fora pincelada em outras produções como “Conexão Escobar” (2016), estrelado por Bryan Cranston, e até mesmo na primeira temporada da série “Narcos”, da Netflix. Aqui, no entanto, ganha relevo e destaque – e um ponto de vista romântico.
Sob muitos aspectos este é o filme certo para Tom Cruise, que costuma ser conhecido por não dar ponto sem nó. “Feito na América” depende de seu charme como protagonista como nenhuma outra produção recente do astro dependia. É, também, um filme de ator. Em que a história, por mais mirabolante que seja, não se impõe à destreza da atuação. E Tom Cruise, como tão bem provara ao longo da década de 90, se garante. Essa é sua melhor aparição como ator desde “Trovão Tropical” (2008), em que ele nem sequer fazia o protagonista.
Diversão chapada, “Feito na América” é um tipo de filme que Hollywood não aposta mais quando não há perspectiva de Oscar. É um tipo de filme, também, que você verifica com gosto na filmografia de Doug Liman. Não à toa que Cruise e Liman resolveram se reunir para o projeto. Um filme adulto, calcado na figura de um astro e que não ambiciona quebrar recordes de bilheteria. Eis um filme que vai ao passado para nos lembrar de tempos em que até no cinema as coisas eram mais simples.