Fim da regra ‘comer de 3 em 3 horas’! Especialista defende jejum para emagrecer

Segundo profissional, no jejum o corpo consegue regular a insulina, que está ligada à perda de peso. Teoria é defendida por vencedor do prêmio Nobel

Quantos e quantas vezes voc6e já não escutou que quem busca emagrecer deve fracionar as refeições e comer de três em três horas. Entretanto, enquanto alguns nutricionistas defendem esse tipo de dieta – assim você faz diversas pequenas refeições e não come muito em cada uma delas – outros seguem a linha de que o jejum é o melhor caminho para perder peso.

Jejum faz bem? Segundo especialista, sim

Jejum faz bem? Segundo especialista, sim

Foto: Thinkstock

O cientista Yoshinori Ohsumi venceu o Nobel de Medicina deste ano falando sobre como as células de renovam e tal teoria tem ligação com o jejum. Ele estudou como o corpo se comporta quando não está recebendo alimentos e pecebeu que há a chamada autofagia, fenômeno que faz com que as células se reciclem.

“As células, na falta de energia constante, podem se reciclar e renovar – tornando-se mais eficientes e aumentando a longevidade. Além disso, durante infecções, a autofagia colabora degradando vírus e bactérias intracelulares (dentro das células). A autofagia elimina proteínas e organelas danificadas, o que contrabalanceia os efeitos do envelhecimento”, detalha Rodrigo Polesso, especialista em nutrição otimizada e emagrecimento.

Rodrigo diz ainda que, durante o período sem alimento, o corpo consegue se regular sozinho os níveis de insulina, substância que tem relação com a perda ou ganho de peso. “Esse hormônio irá estocar gordura e prevenir a queima da mesma, levando as pessoas potencialmente a engordar”, explica Rodrigo. “E a insulina é estimulada por alimentos. Se não tiver alimentos, a idéia é que a insulina se autoregule para baixo”, completa.

Quem pode seguir uma dieta de jejum

Ele ainda defende que uma rotina com menos refeições é muito mais prática do que se preocupar em comer de 3 em 3 horas. Afinal, também de nada adianta fracionar a alimentação e a cada lanche ou refeição comer produtos industrializados e nada saudáveis. É preciso se planejar para que todas as pausas para comida contenham alimentos naturais e que a dieta, ao longo do dia, seja equilibrada.

Além disso, assim como o vencedor do Nobel, Rodrigo defende que em um intervalo de três horas o corpo não consegue processar e consumir de fato todos os alimentos. “O corpo sempre estaria em estado anabólico, digerindo e metabolizando energia nova. Nào há uma folga do corpo e dos hormônios”, comenta. “Ao se comer seguido, principalmente se for alimentos ricos em carboidratos (pães, massas, doces, barrinhas, etc), estaremos elevando a glicemia no sangue e consequentmente a insulina”, continua.

Por outro lado, o jejum estaria liberado para qualquer um. “Segundo Jason Fung, do Canadá e especialista em jejum e nefrologista, não existe risco algum desta prática em pessoas normais. Mas toda e qualquer mudança na alimentação deve ser feita mediante consulta com o médico de confiança”, ressalta o profissional em nutrição.

E quero conquistar massa muscular?

De acordo com Rodrigo, esse tipo de dieta também pode ser seguida para aqueles que sonham com um corpo mais musculoso porque ajuda a queimar gordura, o que deixa os músculos mais em evidência. Além disso, é uma alimentação que é rica em proteína.

E para crescer não há segredo. A chave é caprichar nos exercícios para esse fim.

Quanto tempo sem comer?

“A minha opinião pessoal é que jejum como estilo de vida não deva passar de 24h ou 36h no máximo”, afirma Rodrigo. Ele dá uma dica para quem quer começar a seguir essa dieta: “Sugiro o protocolo 16/8, onde se alimenta em uma janela de 8 horas e se jejua por 16 (incluindo as horas de sono). A frequência em que isso é feito fica a cargo de cada um. A minha opinião é de que as pessoas comecem devagar e vão se adaptando de acordo com as respostas de seu corpo”.

Como montar o cardápio

Fazer menos refeições por dia também exige um cuidado com o cardápio, se terá alimentos pobres e logo sentirá fome de novo. Com isso, há a chance de exagerar e comer o que estiver pela frente na próxima refeição. “As pessoas que ficam famintas e até com humor alterado pela fome são tipicamente aquelas que tem uma alimentação de baixa qualidade, ou seja, baseada em alimentos processados, refinados e baixa em gorduras naturais, folhas, legumes e proteínas de qualidade”, fala Rodrigo.

Alimentação deve ser rica em legumes, vegetais e produtos naturais

Alimentação deve ser rica em legumes, vegetais e produtos naturais

Foto: Getty Images

Por isso, é preciso rechear o prato com o que o especialista chama de produtos da alimentação forte. “São alimentos de verdade, sem refinados, processados ou modificados. Ou seja: carnes, peixes, frutos do mar, ovos, nozes, castanhas, laticinios integrais, folhas, legumes, tuberculos, sementes, gorduras naturais como manteiga, azeite de oliva, óleo de coco”.

Ele também sugere evitar farináceos (tanto integrais como normais), como trigo, massas, pães, açúcares, bebidas adoçadas e óleos vegetais.

“Com isso, os sensores de apetite e saciedade voltam a funcionar normalmente, seu corpo fica nutrito e sua fome volta a funcionar normalmente”, afirma Rodrigo.

“Ao se alimentar 3 vezes ao dia como antigamente, com alimentos nutritivos e saudáveis, sem preocupação com quantidades e calorias, não iremos sentir necessidade de fazer lanchinhos durante o dia, o que irá facilitar bastante a prática do jejum intermitente, que pode então ser adaptado a cada pessoa. No entanto, na minha opinião, um mínimo de 12 horas seria necessário para potencializar os efeitos positivos”, conclui.



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