Série sobre vida de Bruna Surfistinha estreia sábado
A atriz iniciante Maria Bopp interpretará a prostitua em série da Fox
Rio – Uma atriz iniciante, Maria Bopp, de 25 anos, vai dar vida na TV à famosa prostituta Bruna Surfistinha, que já teve sua história contada em livro e no cinema (com Deborah Secco no papel-título). Com oito episódios, a série ‘#MeChamaDeBruna’ estreia neste sábado, às 22h, no canal Fox, narrando o início da trajetória de Raquel Pacheco, a jovem de classe média que fugiu da casa dos pais e se tornou garota de programa.
“Não tenho formação como atriz. Sou formada em cinema. Fiz só uma participação em 2011 na série ‘Oscar Freire 279’, do Multishow”, conta a paulista Maria, que decidiu investir com força total na carreira de intérprete. “Antes de fazer o teste para a série, trabalhava como continuísta. Conheço os dois lados. Mas a atriz despertou”.
Durante a preparação para o papel, Maria teve um encontro com a Surfistinha promovido pela direção da série. Segundo a atriz, isso foi fundamental para o trabalho.
“A Marcia Faria (diretora) vendou meus olhos e os da Raquel. Uma ficou o tempo todo com a mão no coração da outra. Enquanto ela falava coisas na primeira pessoa, das memórias dela, eu repetia, me apropriando das palavras. Quando tiramos a venda e nos vimos pela primeira vez, foi muito emocionante”, relata a atriz. “Pediram que a Raquel dissesse o que enxergava quando me olhou. Ela respondeu que via uma menina ainda cheia de sonhos. A personagem já estava ali”.
UNIVERSO DA PROSTITUIÇÃO
A série vai abordar a realidade do mundo sem lei da prostituição: garotas muitas vezes bem jovens, que precisam sustentar filhos e até famílias e encontram na profissão o caminho para sobreviver.
Maria garante que não teve dificuldades de âmbito “moralista” para interpretar a Surfistinha. Ela confessa que teve a preocupação de não fantasiar a prostituição, um assunto que, para ela, deve ser abordado com seriedade e cuidado. “Me preocupou saber que ela representa uma visão no imaginário de que a prostituição pode ser uma coisa romantizada. Conversei com a direção, e acho que conseguimos dar uma visão mais responsável. Era uma menina de 17 anos, e não acho que a vida da Raquel tenha sido fácil”, diz.
Diretor de conteúdo do canal Fox, Zico Góes deixa claro que se trata de uma série dramática. “Não é apenas sobre prostituição, mas uma história densa de relações humanas, que mostra a força e a complexidade do universo feminino, os abusos do machismo, a linha tênue entre moralidade e legalidade”, revela.
Além dos encontros com a verdadeira Bruna Surfistinha, fez parte da preparação de Maria visitar casas de prostituição no Rio. “No caso da Raquel, ela decidiu, queria liberdade. Colocou na cabeça, fez e não voltou atrás. Mas teve poder de escolha. O que pude ver nesses lugares é que a maioria não tem. Tenho respeito pela história de todas elas. A discussão do tema tem que sair do nível do moralismo”, desabafa a protagonista, que confessa estar ansiosa com a estreia do primeiro grande trabalho.
Maria Bopp é discreta e não curte falar da vida pessoal, mas admite que foi mais fácil do que imaginou tirar a roupa e fazer as cenas mais ‘picantes’.
“Me surpreendi. Um set de filmagem é um ambiente hostil. Mas acho que o fato de já ter trabalhado nessa área fez com que eu me sentisse mais à vontade. Uma equipe respeitosa e profissional também ajudou, e que na sua maioria era formada por mulheres”, conta a atriz, que nos últimos quatro anos trabalhou como continuísta.
Grande Exposição
Maria afirma que tudo tem sido novo desde que topou viver a protagonista da série, e confessa que só tem visto a parte boa no ofício de atriz. “É um mundo novo que se abriu, e eu gosto. Talvez eu também não tenha a dimensão do tamanho da exposição que esse trabalho vai criar”, pondera.
Com a série toda gravada, ela admite que já sente saudades, mas está estudando e se preparando para ficar de vez na carreira: “Evito me apresentar como atriz ainda. Tenho muito feijão com arroz para comer. Observava as outras atrizes maravilhosas na série e pensava: ‘Tenho que correr muito atrás para ser uma delas’”.
Maria foi escolhida para o papel entre aproximadamente 500 atrizes testadas. Por que ela? “Dizem que sou parecida com a Raquel. Não sei. Acho que fui escolhida porque sou uma atriz bastante intuitiva. Pareço menina e mulher”, diz a intérprete, que alia no discurso serenidade e determinação: “Quero muito ficar na vida de atriz e fazer teatro, cinema, tudo que pintar”.