‘Ainda estamos muito longe dos americanos’, diz diretor de ‘Supermax’
José Alvarenga Jr. conta tudo do processo de produção de “Supermax” e afirma que o Brasil precisa investir mais em produtos do gênero
José Alvarenga Jr. não esconde a empolgação ao falar da série “Supermax”, que estreia nesta terça-feira (20). O diretor conta como foi o processo de produção da história e antecipa as possíveis comparações com produções americanas.
José Alvarenga Jr., diretor de ‘Supermax’
Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo
“”‘Supermax‘ traz a possibilidade de invenção. Ter criaturas e criar mundos sem perder o nexo com a realidade abre possibilidades”, comemora. “A ideia não veio de pesquisa, mas do nosso desejo. É uma aposta, esse é o risco que as TVs têm de correr um pouco. Pegamos um público menor com capacidade de escolha e que sabe o que vai procurar ali”, explicou José Alvarenga Jr, ao participar no início do mês do XI Seminário Obitel, na USP, que discutiu a “(Re)Invenção de Gêneros e Formatos da Ficção Televisiva”.
“Nosso processo de criação foi bem diferente do de novelas, em que é preciso escrever um capítulo por dia. Formamos uma mesa de dez autores contando historias, um falava em cima do outro, um fluxo criador que nunca vivi. Levamos dez meses pra escrever. Colocar 12 personagens protagonistas na mesma cena não é fácil”, conta.
Erom Cordeiro, Cleo Pires, Fabiana Gugli e Mariana Ximenes em Supermax
Foto: Divulgação/TV Globo
Cada episódio levou nove dias para ser gravado. Ele conta as diferenças entre série e novela. “Temos mais imagens e menos palavras. A novela tem obrigação cronológica, volta um pouco, a gente, não. O público de séries é mais ativo e faz questão de ser provocado, não precisa ter uma resposta no episódio seguinte”.
O elenco com poucos rostos conhecidos foi proposital – apenas Cleo Pires, Mariana Ximenes e Erom Cordeiro são comuns em novelas. “Os programas já exploram quem aparece na TV, as revistas também. É fundamental um elenco desconhecido. Quando trazemos um rosto novo, causamos um despreparo no telespectador”.
Mais suspense
Diretor de outras produções de ação e suspense como “A Justiceira” (1997), e “Força Tarefa” (2009a 2011), Alvarenga defende que o Brasil invista mais em produções de suspense como “Supermax“. “A gente se deixa seduzir muito pela comédia tanto na TV quanto no cinema e deixamos os outros gêneros de lado. O suspense navega muito pouco na nossa dramaturgia, estamos reaprendendo porque não temos tradição de fazer. Estamos muito longe dos americanos e, se a gente não criar um público para isso, ficaremos muito defasados em relação ao mundo”, avalia.