‘Adoçante’: Quais os riscos e benefícios e como usar
Ciclamato de sódio, aspartame, sucralose, stévia… Especialistas respondem dúvidas sobre os diversos tipos de adoçantes disponíveis no mercado
Adoçante pode ser um aliado para quem sofre de diabetes e não pode consumir açucar. Em outros casos, dão uma ajudinha para aqueles que pretendem eliminar peso e precisam cortar calorias da dieta. Entre as diversas substâncias disponíveis no mercado, você sabe qual usar? Qual a diferença entre elas? Especialistas tiram estas e outras dúvidas.
Há diversos tipos de adoçantes no mercado, sintéticos ou naturais
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O adoçante é uma descoberta antiga. O primeiro foi a sacarina, que existe desde 1879, e atualmente a lista de tipos desse produto é extensa. A principal características deles, segundo Flávio Cadegiani, endocrinologista de Brasília, é “promover a redução calórica para um determinado poder de adoçar se comparado ao açúcar”.
Tipos de adoçante
“Existem duas classificações: os naturais e os sintéticos. Hoje em dia, a maioria dos adoçantes que são usados pela população são os sintéticos”, comenta Camila Melo Araujo de Moura e Lima, professora de Nutrição no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) . A diferença entre eles está na origem. Os sintéticos são produzidos em laboratório, enquanto os naturais são extraídos de vegetais e frutas.
Adoçantes naturais
Entre os naturais, os mais conhecidos são a stévia, o primeiro a ser extraído de uma planta e que tem poder de adoçar 300 vezes maior que o açúcar, e a sucralose, 600 vezes mais doce que o açúcar. De acordo com informações do Centro de Nutrição do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, não apresentam contraindicações.
Há também o agave, feito a partir de um tipo de cactos do México. Ele é uma descoberta recente e representa uma fonte de ferro, cálcio, potássio e magnésio.
Xilitol, manitol, sorbitol, maltodextrina e frutose também são extraídos de forma natural e têm alguns benefícios. “Estão na lista daqueles que apresentam calorias, mas que ou são levemente menos calóricos, ou têm maior poder de adoçar que o açúcar, ou têm consequências metabólicas melhores (exemplo: índice glicêmico mais baixo)”, aponta Flávio.
Adoçantes sintéticos
Nesta categoria está a pioneira sacarina e o ciclamato. Segundo o hospital de São Paulo, esses produtos contém sódio e devem ser evitados por pacientes hipertensos ou aqueles que têm tendência a reter líquidos.
Aqui entra também o aspartame. A contraindicação é para “portadores de fenilcetonúria, uma doença genética rara que provoca o acúmulo de fenilalanina no organismo, causando retardo mental”, indica o centro de nutrição do hospital. Também não é recomendado para grávidas.
Adoçante: uso no lugar do açúcar não traz outro benefício senão a menor ingestão de calorias
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Adoçantes podem causar riscos?
“Qualquer adoçante quando usado em excesso pode ser nocivo para a saúde”, lembra a professora Camila Lima. Entretanto, como há uma grande gama de produtos, cada um com características específicas, é mais difícil generalizar.
“Os adoçantes mais clássicos, como ciclamato e aspartame, têm mais trabalhos mostrando possíveis efeitos nocivos, principalmente o ciclamato”, conta Flávio. “Os principais problemas estão na compulsão alimentar compensatória, já que o paladar foi ‘enganado’ e o corpo não absorveu as calorias que ele achou que iria absorver, e por isso ‘pede’ por fontes de carboidrato, principalmente açúcar”, detalha o endocrinologista. Isso vira uma armadilha e tanto para quem quer emagrecer.
As substâncias continuam sendo estudas e sempre surgem novas pesquisas e novos resultados. Os produtos naturais já foram apontados como os mais saudáveis, mas ainda podem apresentar riscos. “Estudos observacionais mostraram que a sucralose, por sua vez, tem possivelmente aumentado a incidência de doenças inflamatórias intestinais, como síndrome do intestino irritável, doença de Crohn e retocolite ulcerativa, que são debilitantes”, afirma Flávio. Ele ressalta que ainda não há uma conclusão definitiva sobre isso.
Além disso, sacarina é proibida no Canadá e o ciclamato nos EUA, ambos resultados de testes que encontram aumento de risco de tumores em modelos de roedores.
Para evitar riscos, é importante não abusar do adoçante. “Todos os adoçantes têm um valor de ingestão diário máximo de segurança. Ou seja, até uma determinada quantidade, eles mostraram ser seguros”, comenta o médico. Entretanto, essa quantidade geralmente é muito superior ao consumo diário. Por exemplo, a Ingestão Diária Aceitável (IDA) do aspartame indica que uma pessoa de 60kg pode consumir até 60 sachês por dia. Fabricantes indicam o IDA em seus sites.
Adoçante ajuda a emagrecer?
Esses produtos podem ajudar a cortar calorias da dieta, mas podem atrapalhar em alguns casos e até aumentar o desejo por doce, como explicou Flávio. O mais indicado por profissionais, geralmente, é testar os alimentos sem qualquer adição de açúcar ou adoçante, para sentir o sabor real do que está comendo. Se não conseguir, o nutricionista ou médico poderá indicar qual o melhor adoçante adotar na dieta.
É preciso ter cuidados ao adotar o adoçante na dieta de quem quer emagrecer
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Tais substâncias ainda podem ajudar no “desmame”, como também fala Flávio. “Permito abertamente o refrigerante zero para pacientes que mostram um perfil de ansiedade, no início de um tratamento, e vamos fazendo o desmame aos poucos. Porque se eu colocar uma restrição desnecessária, ou melhor, mais uma, a chance de o tratamento se sustentar é pequena. Como digo, restrições desnecessárias são…desnecessárias. E aqui, neste momento, muitas vezes pode não ser a melhor conduta retirar os adoçantes”.
Qual adoçante usar para cozinhar?
Se o produto foi liberado e incuído na dieta, qual tipo de ser usado ao preparar um bolo ou uma torta? “Em tese, todos as substâncias do grupo dos adoçantes podem ser usados para cozinhar do ponto de vista de toxicidade (nenhum fica mais tóxico). Porém o aspartame tende a perder o sabor doce a medida que o esquentamos muito”, explica o endocrinologista. Camila, professora de nutrição, recomenda o uso da sucralose, que é estável em altas temperaturas.