Entidades detonam ‘nova’ postura de MC Biel
Em entrevista ao DIA, funkeiro diz que repercussão de polêmica entrevista prejudicou a carreira dele. ONG também critica decisão da Justiça no caso
Rio – A entrevista do funkeiro Gabriel Araújo Marins Rodrigues, o MC Biel, a Leo Dias, publicada na edição de de hoje do DIA, afirmando que a Justiça havia convertido a acusação de assédio sexual a uma jornalista para injúria, demonstrou que o cantor, de 23 anos, não conseguiu entender o grave erro que cometeu. Essa é a opinião da presidente da Comissão OAB Mulher, Daniela Gusmão. Na entrevista, o funkeiro afirma que a denúncia da jornalista “prejudicou sua carreira” e o fez “sofrer muito”.
Biel ‘O Biel ainda é feliz, mas eu sofri muito com essa acusação’
Foto: Divulgação
“Mais uma vez a cultura machista está imperando. Ele está se vitimizando, como se não fosse o autor do ato. Ele é quem tinha a possibilidade de agir ou não. Ela ficou à mercê do ato dele”, explica a advogada, que acha positivo o cantor ter sofrido algum tipo de consequência. Para Carla Vitória, integrante da Sempreviva Organização Feminista, o funkeiro está responsabilizando a vítima ao dizer que a repórter não pediu para ele parar com a “brincadeira”. “É um absurdo, mas a gente vive em uma sociedade que responsabiliza a mulher pela violência que ela sofre”, afirmou Carla, dizendo que na rede social do funkeiro foram encontrados comentários preconceituosos, fascistas e misóginos.
Coordenadora da ONG Meu Rio, que mantém uma rede de acolhimento a vítimas de abuso sexual, Laura Molinari esclarece que, por não ter havido violência física, as pessoas costumam minimizar esse tipo de abuso sexual. Inclusive, mulheres. “Mesmo com a repercussão, ele acha que não foi violência”, diz Laura, que contesta a decisão da Justiça. “Teve conotação sexual que constrangeu uma mulher que estava exercendo sua atividade profissional. Foi muito mais do que injúria”.
O funkeiro foi denunciado por uma repórter, em maio. No áudio da entrevista, MC Biel chama a jornalista de “gostosinha” e diz que a “quebraria no meio” caso mantivessem relações sexuais, entre outras vulgaridades. O caso teve repercussão, e a jornalista e a editora que tornou o caso público acabaram demitidas.