Completa, Elke Maravilha brilhou no cinema, na TV e na vida
Eterna jurada do Cassino do Chacrinha e do Show de Calouros do Silvio Santos, a diva Elke Maravilha nos deixou na madrugada desta terça-feira(16)
Elke morreu no Rio de Janeiro no início da madrugada desta terça-feira (16), aos 71 anos, e deixou um legado de muita alegria e realizações na cena cultural brasileira. Ela estava internada na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, desde o dia 20 de junho, em coma induzido após cirurgia de úlcera.
Elke Maravilha sobre Silvio Santos, ‘Não gostava de mim’
Foto: Reprodução
Elke Maravilha , nome de batismo de Elke Grunnupp, nasceu na Rússia, em 1945. Chegou ao Brasil ainda criança com os pais, para morar em Minas Gerais. A jovem sempre chamou atenção pela ousadia e irreverência no modo de se vestir. Aos 18 anos esta postura já era percebida e gerava alguns problemas; ela chegou até ser agredia nas ruas por conta de seu estilo irreverente e peculiar.
Início da Carreira
Começou a trabalhar como modelo e manequim aos 24 anos. Desde os 20, já morava sozinha no Rio de Janeiro, onde trabalhou como secretária trilíngue, bibliotecária e bancária. Essas funções a ajudaram a bancar a faculdade de Letras. Mas sua forma esguia, distribuída por seu 1,80 m logo começou a chamar a atenção nas passarelas.
A carreira lhe proporcionou intimidade com a estilista Zuzu Angel. É famosa a história de sua prisão, em 1971, por desacato. Ela se alterou no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, ao ver cartazes com a fotografia de Stuart Angel Jones, filho de sua amiga Zuzu Angel. Só foi solta depois de seis dias após a intervenção de amigos da classe artística. No filme que leva o nome da estilista, de 2006, Elke foi interpretada pela atriz Luana Piovani.
Elke Maravilha
Foto: Guillermo Giansanti / Divulgação
A artista
Sua exuberância e aparência extravagante a conduziram à televisão brasileira. Seu primeiro trabalho na área aconteceu em 1972, como jurada no “Cassino do Chacrinha”. Anos mais tarde, na mesma função, voltou no Show de Calouros do Silvio Santos, no SBT.
Na TV, Elke atuou em diversas minisséries e novelas. “Pecado Capital” (1998), “Da Cor do Pecado” (2004), e “Caminho das Índias” (2009), entre outras. O seu papel de maior expressão foi na Minissérie “Memórias de um Gigolô”, da Rede Globo, exibida em 1986, ela dava vida a uma Madame Yara, dona de um bordel. Graças à repecrussão da personagem, a atriz recebeu o título de madrinha da Associação das Prostitutas do Rio de Janeiro.
Elke também atou em produções teatrais e cinematográficas. Entre longas e curtas, ela soma mais de 30 créditos. Entre ess como “Xica da Silva (1976), de Cacá Diegues; “A Força de Xangô” (1977), de Iberê Cavalcante; “Pixote: A Lei do Mais Fraco” (1981), de Hector Babenco, entre outros
Homenagem em Vida
Elke Maravilha
Foto: Guillermo Giansanti / Divulgação
Ela foi tema de carnaval da Estrela do Terceiro Milênio, escola do Grupo de Acesso de São Paulo. Com o enredo “Reluz na constelação da Terceiro Milênio uma maravilha de estrela chamada Elke” , a escola contou toda a trajetória dela, desde sua chegada ao Brasil até os trabalhos atuais.
A atriz esteve no último carro alegórico da escola, sobre uma estrela, vestida com um figurino extravagante, como os que sempre a caracterizou.
Vida pessoal
Sua vida pessoal sempre fora muito conturbada. Morou em diversos países e teve oito casamentos, com homens de diversas nacionalidades. Fez três abortos, fruto de seus três primeiros casamentos. Elke não tinha o desejo de ser mãe; a atriz se julgava rebelde demais para assumir a maternidade e considerava que jamais poderia educar uma criança de forma digna. Contou em algumas entrevistas que tomava pílula anticoncepcional.
Sobre sua vida amorasa, a artista fez algumas revelações para o programa “ De frente com Gabi”, no SBT em 2013. “Tive oito casamentos e o mais curto durou 2 meses, porque ele era psicopata. Eu acordava de madrugada e ele estava no sofá, vestido de Elke, com uma faca na mão”, contou a Marilia Gabriela .
Ainda no programa, falou sobre seus vícios. A artista comentou que “experimentou crack três vezes. Mas, na minha geração, usávamos drogas para autoconhecimento e hoje é para fuga. Minha única droga é a cachaça”, admitiu ela, que começou a carreira como professora de inglês antes de ser chamada para integrar o juri do Chacrinha. “Já estou fazendo hora extra. Daqui a pouco vou morrer”, finalizou à época.