‘Os Dez Mandamentos’ vira musical com efeitos em 4D

Quem assistir o espetáculo pode sentir cheiros e se molhar

Rio – Leia o livro (aliás, o Livro, já que se trata do Velho Testamento) e veja o filme clássico de 1956, com Charlton Heston no papel de Moisés. E depois assista à novela, leia (outro) livro,veja (outro) filme, frutos da trama da Record. E agora assista ao musical: ‘Os Dez Mandamentos’, numa parceria da Chaim Produções com a emissora, virou ‘Os Dez Mandamentos — O Musical’ e estreia amanhã no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, com previsão de vir para o Rio no começo de 2017. Usando e abusando de efeitos especiais (incluindo toques em 4D, com imagens, sons e até cheiros), a produção da peça garante que tem muito a acrescentar a uma história que está no livro mais popular do mundo. E que já foi contada e recontada diversas vezes.

À esq.%2C Moisés (Julio Mancini) e Zípora (Tassia Cabanas). À dir.%2C Ramsés (Thiago Machado) e Nefertari (Bruna Pazinato)

À esq.%2C Moisés (Julio Mancini) e Zípora (Tassia Cabanas). À dir.%2C Ramsés (Thiago Machado) e Nefertari (Bruna Pazinato)

Foto: Divulgação

Fernanda Chamma, diretora e coreógrafa do espetáculo (e de musicais como ‘Alô Dolly’ e ‘A Família Addams’), cita como inspiração para o ‘Os Dez Mandamentos’ a versão de ‘Aída’ levada à Broadway, com músicas de Elton John. Para recontar as divinas escrituras no palco, arregimentou 27 atores e sete músicos, sob a luz de um vídeo-cenário com tela de led de 13×4,5m de altura.

“Procuramos manter uma pegada pop, com músicas lindíssimas. As pessoas têm a tendência de achar que um musical bíblico é denso, pesado. Mas ele foi feito para todo mundo, não apenas para evangélicos. E num tema como esses, há o risco de soar cafona, até naquele clichê de tudo ser muito dourado, do hebreu estar todo descabelado. Quem viu os ensaios nos falou: ‘Não imaginava que seria isso!’”

O ‘isso’ de ‘Os Dez Mandamentos — O Musical’, diz Fernanda, inclui a trilha sonora formada por 25 canções, todas escritas por Wladimir Pinheiro, com arranjos dele e de Marcello Sader. E o uso de fragrâncias diferentes para cada cena. “Quando aparece a vila dos hebreus, as pessoas sentem o cheiro do local. Em cenas no mar, há cheiro de mar”, conta, explicando que a ideia é que as pessoas possam levar tais essências para casa. “Estamos analisando essa possibilidade. Também tomamos cuidado com a iluminação. Escolhi até o tom do dourado usado nas roupas, para que não ficasse exagerado”.

A diferenciação do musical para livro(s), filme(s) e novela, diz o roteirista Emilio Boechat, surgiu pela estrutura da peça. “Privilegiei as músicas e isso deu dinamismo”, alegra-se o escritor, que trabalhou em conjunto com Wladimir e a turma dos efeitos especiais. O trabalho lado a lado o ajudou em cenas como o triângulo amoroso entre Moisés (Julio Mancini), seu irmão e desafeto Ramsés (Thiago Machado) e a bela Nefertari (Bruna Pazinato). “Conseguimos fazer uma boa mescla de tecnologia e dramaturgia. Na cena em que Moisés recebe o chamado de Deus e volta para o Egito, a sensação é a de que o Julio voa no palco. Isso fica bonito quando combinado com o cenário, que é muito artesanal”. Outro momento impactante, claro, é a abertura do Mar Vermelho — que fez a novela ‘Os Dez Mandamentos’ atingir 31 pontos. Já as Dez Pragas do Egito transformam-se num número interativo.

O detalhismo pegou até Julio Mancini, o Moisés da peça. “Fiz coaching com um professor judeu e ele me ensinou muitos elementos históricos, até o significado de algumas expressões”, conta Julio. Ele havia feito antes o Annás no musical ‘Jesus Cristo Superstar’. “Mas um musical como ‘Os Dez Mandamentos’ tem outros códigos. A linguagem bíblica não é coloquial e conseguimos trazer o texto para o presente”.



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