Novo ‘X-Men’ consagra Magneto como protagonista e Mística como heroína
Em meio a novos personagens, “X-Men: Apocalipse” foca em dilemas de Magneto, personagem que mais evoluiu na trilogia
Bryan Singer é um sujeito esperto e sabe que Magneto é o personagem mais interessante que tem em mãos na franquia “X-Men”. Sabe, também, que a oposição a Charles Xavier eleva o tom dos debates sobre intolerância, preconceito e política que estão implícitos no DNA da saga mutante, tanto nas HQs como no cinema. Singer tem consciência, ainda, que dispõe de Michael Fassbender, um dos melhores atores do cinema atual, na pele de Magneto.
O Magneto de Michael Fassbender se firma como o grande protagonista da nova trilogia mutante que chega ao fim com “X-men, Apocalipse”
Foto: Divulgação
À luz desses fatos, fica mais fácil entender o porquê de Magneto parecer menos um vilão clássico, como na trilogia original, e mais um herói caído na nova trilogia. Este movimento, claro, já podia ser percebido em “X-Men: Primeira Classe” (2011), mas foi intensificado em “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido” (2014) e chega ao seu auge agora em “X-Men: Apocalipse”.
É justamente o personagem que recebe mais atenção no novo filme. Sem Wolverine (Hugh Jackman), relegado apenas a uma ponta, o mais shakespeariano dos personagens da saga mutante recebe o arco mais completo do filme. Quando a produção começa, Erik (Fassbender) refugiou-se na Polônia em um lugar remoto e abandonou o Magneto. A iniciativa, a princípio ligada ao fato de que é internacionalmente procurado pelos eventos do filme anterior, aos poucos vai ganhando novo relevo. Erik resolveu dar uma chance à esperança. À “visão” de Charles. Com mulher e esposa, ele vive uma vida que logo intuímos não poder ser vivida por um personagem tão trágico.
Com o fim da nova trilogia, que perpassa as décadas de 60, 70 e 80, o arco de Magneto é o mais interessante a se observar. Bem defendido por Fassbender, ele é inegavelmente o personagem mais rico e aprofundado ao longo dos três filmes.
Mística heroína
Jennifer Lawrence e Evan Peters em cena do filme, Com a atriz, a Mística virou heroína
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Outra vilã redimida na nova trilogia foi Mística. As razões, no entanto, são diferentes da de Magneto. Não há fundamentação dramática que justifique uma Mística conflituosa com suas convicções. Apesar da admiração confessa da personagem por Magneto e de sua identificação com o posicionamento político dele sobre como deve se estabelecer a convivência entre mutantes e humanos – algo esclarecido no apoteótico final de “Primeira Classe” – a Mística da nova trilogia é claramente uma heroína. Isso ocorre porque é interpretada por Jennifer Lawrence. Quando a atriz viveu a personagem no filme de 2011, embora fosse uma jovem promissora, ainda não ostentava a celebridade que rapidamente adveio. Passa por aí a mudança de tom na personagem. Talvez fosse um risco que a produção, que tirou a sorte grande de ter Jennifer Lawrence para três filmes em um contrato com valores desatualizados, não estivesse disposta a correr.
Novos personagens
Jean Grey e Scott Summers são novidades do filme que estreia nesta quinta-feira (19)
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São muitos os personagens que debutam no novo filme. A que ganha mais atenção é Jean Grey, vivida por Sophie Turner (a Sansa de “Game of Thrones”). Scott Summers, Noturno, Tempestade e Arcanjo, personagens vistos na trilogia original, também ganham novos intérpretes com Tye Sheridan, Kodi Smit-McPhee, Alexandra Shipp e Ben Hardy respectivamente.
Olivia Munn, como Psylocke, e Oscar Isaac, como o vilão Apocalypse, completam o time de estreantes.