Maeve Jinkings curte a reviravolta da Domingas, de ‘A Regra do Jogo’

Estreante em novelas, atriz torce pela personagem que se livrou do marido machista e vive um novo amor

Rio – Maeve Jinkings, 39 anos, levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima em ‘A Regra do Jogo’. Depois de ser maltratada à exaustão por Juca (Osvaldo Mil) na novela das 21h, Domingas encontrou um novo amor, César (Carmo Dalla Vecchia), e não deixou a peteca cair nem quando descobriu que ele é um homem casado e atormentando pela dor de se sentir responsável pela morte dos filhos. O conto de fadas acabou, mas a nova Domingas permanece em pé, mais poderosa do que nunca.

Maeve Jinkings interpreta a Domingas, de 'A Regra do Jogo'

Maeve Jinkings interpreta a Domingas, de ‘A Regra do Jogo’

Foto: TV Globo/Renato Rocha Miranda

“O principal para a Domingas nesse momento é o reencontro com ela mesma, a redescoberta da força que tem. Mas agora é vida real. É como o processo de se apaixonar, quando projetamos uma série de fantasias, sendo que o cotidiano não é isso. Às vezes, a realidade é mais legal do que a fantasia porque mostra que não existe o homem ideal. A gente tende a mitificar a pessoa amada”, diz, complementando. “É claro que o César tem as características que fazem parte da fantasia da mulher moderna, que é ter um homem sensível, carinhoso, amigo, romântico e que participa das tarefas domésticas.”

Nesse processo em que Domingas se realiza como mulher, deixa a fragilidade de lado e se recusa a voltar a ser humilhada por Juca, César foi peça fundamental. “O homem que tem necessidade de diminuir a mulher é um fraco. O homem forte não precisa disso. A redenção da Domingas se deu através do amor do César, mas também da amizade dele e da Indira (Cris Vianna). O César é um companheiro de verdade. Eles se amam muito”, comenta.

Na relação interrompida de forma madura e que deve ter final feliz não há espaço para machismo, mal que perseguia a personagem da trama de João Emanuel Carneiro dia e noite. “As mulheres sofrem com o machismo em todos os lugares, classes sociais e faixas etárias. E não só com o machismo evidente, como o do Juca. Tem um machismo mais perigoso, que é o subterrâneo, que inclui até as mulheres. A própria crença de que a mulher é frágil é um machismo, um mito. Não sou a dona da verdade, mas acho que a gente ainda carrega uma herança do passado, de quando as mulheres eram desestimuladas a trabalhar”, analisa.

A atriz contracenando com Osvaldo Mil, que dá vida ao machista Juca na trama de João Emanuel Carneiro

A atriz contracenando com Osvaldo Mil, que dá vida ao machista Juca na trama de João Emanuel Carneiro

Foto: TV Globo/Divulgação

Como o mundo mudou e a mulher conquistou seu espaço no mercado de trabalho, Maeve faz a sua parte para evitar que as tais heranças permaneçam vivas. “Homem não tem obrigação de pagar a conta do restaurante. A gentileza de oferecer ao outro um jantar não tem a ver com gênero e, sim, com o momento que cada um está vivendo. Ninguém tem obrigação de pagar nada para ninguém”, frisa.

Em sua primeira novela, Maeve, que tem uma carreira consolidada no teatro e no cinema, não só encarou o desafio de estrear no principal produto da Globo como o de se despir de qualquer vaidade. “Evidente que tinha consciência de que o figurino da Domingas não me favorecia. Confortável não é, mas sentir esse desconforto fez parte da minha trajetória para encontrar essa mulher de baixa autoestima que era a Domingas. Não sou muito vaidosa, então passei a ir para o Projac sem maquiagem, com roupas mais largas, para ficar apagadinha, entrar mais no universo da personagem. E ficou evidente para mim que o mundo olha para o belo. O feio fica no lugar do invisível.”

À vontade na TV

A paixão de Maeve pela TV foi à primeira vista, ainda que esse encontro só tenha acontecido 12 anos depois da sua estreia nos palcos. “Sinto que vou voltar a fazer novela logo, logo. Nunca tive preconceito em fazer televisão. Quanto estudava teatro, deixava currículo nas emissoras, cheguei a negar uma proposta do SBT para fazer novela porque na época já estava envolvida com outro trabalho. Quando veio o convite do João Emanuel (Carneiro – autor de ‘A Regra do Jogo’) e da Amora (diretora), aceitei na hora. Senti que havia chegado o momento de fazer novela”.



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