Caráter político pode fazer ‘Intervenção’, filme sobre UPPs, mudar de nome
Filme que mostra a conflitante rotina de policiais da UPP e o lado dos moradores de uma fictícia comunidade carioca estreia em novembro
O novo filme idealizado por Rodrigo Pimentel, ex-militar e também roteirista de “Tropa de Elite”, está sendo gravado em uma das comunidades do Rio de Janeiro. Intitulado como “Intervenção” o longa que é estrelado por Bianca Comparato e Marcos Palmeira e tem direção de Caio Cobra deve chegar aos cinemas no dia 15 de novembro. Em coletiva de imprensa realizada na última terça-feira (18) no Rio de Janeiro, elenco e direção deram detalhes sobre a produção.
Longa estrelado por Bianca Comparato e Marcos Palmeira deve chegar aos cinemas no dia 15 de novembro
Foto: Ari Kaye
“Intervenção” mescla entre suas cenas a conflitante rotina de policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) e também o lado dos moradores de uma fictícia comunidade carioca ocupada por essas unidades. “Eu estou muito feliz de ter participado. Eu agradeço a confiança de todo mundo e eu acho que a gente está contando uma história muito pertinente, muito importante. E, a gente poder se enxergar no cinema tem muito essa função”, avaliou Marcos Palmeira.
“É um filme que fala diretamente à mim e a minha cidade que é o Rio. Então é um filme que eu tinha até um sonho em fazer essa história. Quando o Rodrigo veio com o roteiro eu senti muita vontade e necessidade de discutir o assunto. E o que eu mais desejo é que esse filme gere discussão. Não gere polarização e que não gere mais ódio. Que gere reflexão”, afirmou Bianca Comparato.
“Eu acho que é um filme urgente, eu fico muito feliz que acreditaram no projeto e investiram. E que a gente vai distribuir logo agora um assunto que precisa da nossa atenção. Então eu estou aqui não só como atriz, mas como cidadã também”, continuou a atriz.
“É um filme sobre o momento atual do Rio de Janeiro. Nove mil jovens entre 20 e 27 anos acreditaram nas UPPs – como eu também acreditei durante um bom tempo, como boa parte dos cariocas também acreditou -, prestaram concurso para entrar na Polícia e viraram vítimas do próprio equívoco de um projeto-gambiarra”, explicou Pimentel.
O ex-consultor de Segurança Pública também ressaltou: “Nosso filme fala de jovens que morrem nas favelas da cidade com maior número de mortes de policiais no mundo. Algumas vezes estes jovens são algozes da violência, mas muitas vezes também são vítimas da violência”.
Visão feminina no cenário de uma intervenção
Bianca também declarou que a visão feminina do lado policial chamou sua atenção na hora de aceitar a produção e que conversou com policiais das UPPs para entender seus contextos na hora de elaborar sua personagem. “O que me interessou muito foi a visão feminina da polícia. As UPPs abriram espaço para as mulheres com a ideia de criar uma polícia mais humana, mais em contato com a comunidade. E não é à toa que a heroína do filme é uma mulher porque isso traz uma visão diferente.”
“Não sei se melhor ou pior, mas diferente. Historicamente, é um ponto de vista que não estamos acostumados a ver. Isso me interessou muito. De observar pelo ponto de vista da mulher essa polícia que tinha o objetivo de ser mais próxima da comunidade, mais humana, mas em uma cidade em guerra. É uma polícia que pacifica com um fuzil”, explicou a atriz. Além do elenco e figurantes o filme contou ainda com cinco policiais como atores.
” Intervenção” pode ter mudança de título
Um dos assuntos que também foram mencionados na coletiva, foi a questão do nome do filme, que ainda pode ser alterado até a data de estreia, já que remete à atual situação do Estado do Rio de Janeiro. “O título não me agrada nem um pouco, tem um cunho político imediato e uma rápida associação à intervenção militar. Sou atriz e torço para que isso mude, que a gente tenha um nome mais humano até dia 15 de novembro, mas isso está fora do meu poder”, ressaltou Bianca.
“Teremos uma reunião com nosso distribuidor. ‘Intervenção‘ é o nome de trabalho que o projeto tem. Faremos pesquisas qualitativas e quantitativas para decidir porque nome de filme muda até o momento de imprimir o cartaz. Faremos o que é melhor para a venda do filme, para o resultado. Porque, além de todas as coisas discutidas aqui, decidimos fazer o filme porque acreditamos que possa dar bilheteria e faturamento para todos nós”, finalizou Cosimo Valerio, um dos produtores.