Última temporada de ‘Love’ dimensiona amadurecimento emocional de protagonistas

Série da Netflix, um dos primeiros hits indie da plataforma de streaming, chega ao fim de maneira leve, precisa e dispensando carinho aos personagens

Criada por Judd Apatow (“O Virgem de 40 anos” e “Ligeiramente Grávidos”) e hit indie, “Love” chega ao fim depois de três temporadas bem azeitadas, cheias de referência cinéfilas e a difícil missão de enquadrar uma relação amorosa contemporânea com veia hipster, mas sem deixar de lado temas sérios e pertinentes à agenda daqueles às voltas com uma paixão.

Cena do terceiro ano de Love%3A amadurecimento emocional em destaque

Cena do terceiro ano de Love, amadurecimento emocional em destaque

Foto: Divulgação

A terceira e última temporada de “Love” começa com uma elipse narrativa. E uma importante. Depois da traição de Mickey (Gillian Jacobs) no final do 2º ano, ficamos com a expectativa de que o tema será aventado logo no início do novo ciclo, o que não acontece. Ele fica à espreita e surge nos episódios finais como um fantasma em algumas situações, mas no geral não é uma questão trabalhada no novo ano. E foi uma decisão acertada da produção.

A série da Netflix, um dos primeiros hits indie da plataforma de streaming, precisava apontar um caminho para Gus (Paul Rust) e Mickey. Neste último ano, eles estão aprendendo a conviver depois da turbulenta fase de aproximação que marcou os dois primeiros anos da série. Eles estão naquela fase em que há tolerância com certos defeitos, mas ainda é preciso se afirmar dentro da relação e o novo ciclo de episódios traz isso bem salientado como quando Gus hesita se deve ou não abandonar um tour turístico/cinematográfico para ir cuidar de Mickey que está doente.

Reminiscências de “Love”

Bertie ganha mais destaque no terceiro ano de Love

Bertie ganha mais destaque no terceiro ano de Love

Foto: Divulgação

Além de alinhar o amadurecimento emocional dos protagonistas – e o salto é visível especialmente para Gus no eixo final do terceiro ano – a série se dedica a uma de suas personagens mais encantadoras. Bertie (Claudia O´Doherty), a roomate de Mickey que veio da Austrália, tenta se desvencilhar de Randy (Mike Mitchell) que assume de vez sua condição de parasita emocional – e até material como uma excelente cena em que ele discute com Mickey a compra do papel higiênico para a casa – e acaba se aproximando de Chris (Chris Witaske) no interim.

O amadurecimento emocional proveniente de nossas relações afetuosas é o principal eixo dessa terceira e última temporada do show da Netflix. Isso pode ser vislumbrado em diversos momentos e com angulações diferentes. Na contraposição entre as relações de Gus e Sarah, a quem pediu em casamento durante a faculdade e a quem reencontrou no casamento de uma colega dos tempos universitários, e de Gus e Mickey em sua fase atual; na própria convicção de Bertie de que deveria se apartar de Randy e até mesmo na maneira com que Mickey enxerga seu próprio crescimento pessoal dentro do escopo de sua relação amorosa.

Cena do primeiro episódio do terceiro ano de Love%2Cque já está disponível na Netflix

Cena do primeiro episódio do terceiro ano de Love%2Cque já está disponível na Netflix

Foto: Divulgação

O desfecho, mais doce e carinhoso com os personagens do que se poderia supor a princípio, dá a “Love” a temperatura ideal para o adeus. Uma série que não teve medo de expor seus personagens de maneira incomoda, de defender pontos de vista muitas vezes controversos e de se apoiar na premissa mais radical e nobre de todas: sobre como é amar e ser amado de volta.



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