O novo “Assassinato no Expresso do Oriente” acerta em todos os alvos

Na frente e atrás das câmeras, Kenneth Branagh é o trunfo do filme que revisita Agatha Christie e enseja nova franquia com o indefectível Hercule Poirot. Sequência da estreia desta quinta (30) já está confirmada pela Fox

Agatha Christie tem muito pedigree. Kenneth Branagh talvez não tenha tanto, mas certamente está no rol dos nomes que surgem na mente quando se pensa em uma adaptação da prestigiada e muito adaptada autora inglesa. São mais de 30 adaptações ao longo dos anos, inclusive uma muitíssimo bem sucedida de “Assassinato no Expresso do Oriente”, protagonizada por Albert Finney e dirigida pelo mestre Sidney Lumet. A missão de Branagh, que assume tanto a direção, como o protagonismo, não era fácil.

Assassinato no Expresso do Oriente estreia no dia 30 de novembro nos cinemas

Assassinato no Expresso do Oriente estreia no dia 30 de novembro nos cinemas

Foto: Reprodução

O britânico, no entanto, concilia ingratas e onerosas expectativas e entrega um entretenimento sofisticado, cheio de classe, com ótimos momentos e alguma tensão apresentando Agatha Christie para toda uma geração e pajeando fãs de outros carnavais. Seu “Assassinato no Expresso do Oriente” tem um elenco daqueles de salivar: Johnny Depp, Penelope cruz, Judi Dench, Willem Dafoe, Daisy Ridley (“Star Wars: O Despertar da Força”), Josh Gad (“A Bela e aFera”), Michelle Pfeiffer e Olivia Colman. Mas o grande trunfo do filme de Branagh reside no esforço que faz tanto para dar viço ao engenho criativo do texto de Christie, como para viabilizar uma alegoria da globalização.

O visual é empolgante, o mistério convidativo e os atores estão um deleite nesse filme que muitas vezes se irmana a uma peça de teatro e se capilariza nos diálogos rápidos, autocentrados e cheios de expertise que o roteirista Michael Green (“Logan”, “Blade Runner 2049”) filtra tão bem da pena de Christie.

Kenneth Branagh em cena de Assassinato no Expresso do Oriente

Como ator, Branagh não se divertia tanto há algum tempo e não esteve tão bem em um papel desde que viveu Laurence Olivier em “Sete Dias com Marilyn” (2011). Seu Hercule Poirot, o autoproclamado melhor detetive do mundo, um tipo cheio de manias e com um raciocínio afiadíssimo, é um brinde a quem gosta de apreciar um bom personagem dimensionado por um ator que francamente o admira.

Sem qualquer outra pretensão além de oferecer boas duas horas de entretenimento, “Assassinato no Expresso do Oriente” é aquele programa para desfrutar com pipoca e sem risco de arrependimento no cinema.



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