Fresno lança novo álbum repleto de experimentações e demonstra maturidade

“Sinfonia De Tudo Que Há” é o sétimo álbum de estúdio da banda e traz participação especial de Caetano Veloso, ícone da MPB no trabalho

Em um ano agitado, terminando a turnê “O Começo de Tudo” e encabeçando mais duas novas, a de comemoração dos 15 anos do seu DVD e a dos dez anos de “Ciano” (2006), a banda Fresno ainda teve tempo para gravar mais um trabalho. Surpreendendo os fãs, em setembro “Sinfonia de Tudo Que Há” foi divulgado trazendo diversas referências cósmicas, característica típica da atuação do quarteto. O novo álbum é composto por uma experimentação de sonoridades e estilos, que mostra a nova fase que a banda está enfrentando.

A Fresno lançou o sétimo disco de estúdio da sua carreira que mostra um novo lado da banda

A Fresno lançou o sétimo disco de estúdio da sua carreira que mostra um novo lado da banda

Foto: Reprodução/Facebook

“O disco é o resultado de uma maturidade, de evolução de muitos anos, desde as primeiras letras que falavam sobre problemas de adolescência até as de hoje que são mais maduras. Ele vem de uma sequência de uma vida e também de um interesse de saber um pouco mais sobre o universo”, comenta Gustavo Mantovani, o guitarrista da banda, mais conhecido como Vavo. Apesar de ter sido gravado entre viagens, shows e outros compromissos da apertada agenda da Fresno, a produção do disco foi natural. “A gente tocava praticamente todas as semanas e nos dias de folga a gente foi compondo, ensaiando , gravando. Às vezes, passávamos a semana inteira sem gravar nada, mas foi uma coisa bem tranquila até porque quase tudo foi gravado no estúdio da casa do Lucas [vocalista]”, revelou Vavo em entrevista.

O novo trabalho teve uma participação especial icônica: Caetano Veloso. Em Hoje eu sou trovão, o cantor de MPB endossa a canção melódica ao lado do vocalista da banda. “Quando a gente compôs essa música, percebemos que ela tem uma levada meio diferente, não tão característica da Fresno. E então alguém comentou sobre convidarmos alguém para cantar”, contou Vavo. “O Lucas [vocalista] e o Guerra [baterista] foram na casa do Caetano, falaram a ideia do nosso disco, sobre os planos da vida e tocaram a música para ele”, completou. O cantor logo aceitou participar da música, o que levou toda a banda para um estúdio no Rio de Janeiro. “Ele ficou contando várias histórias dele e contamos várias historias da banda. Foi muito legal porque mais do que cantar ele se envolveu no projeto todo”, afirmou.

Fresno

Entre essas idas e vindas, a banda acabou gravando o disco completo, sem que ninguém soubesse. “Todo mundo ficou surpreso, além dos amigos próximos ninguém sabia mais disso. A ideia era fazer a divulgação depois das turnês, quando elas tivessem encerradas, mas aí quando isso aconteceu a gente já tinha o disco gravado”, comentou aos risos. Os shows de turnê de lançamento já começaram, com a banda tendo realizado uma apresentação no Rio de Janeiro no último dia 19 e se preparando para as próximas, que passaram por São Paulo (11) e Porto Alegre (18) agora em dezembro. “Queremos que o disco chegue a um maior número de pessoas e para 2017 realizaremos uma turnê pelo Brasil inteiro”, afirmou.

Do passado ao presente no cenário da música brasileira

Depois de dez anos de lançar Alguém que te faz sorrir, música romântica sobre desilusões amorosas, a Fresno hoje amadurece as letras, trazendo temas mais complexos com questões mais existenciais, como apresenta a música Abrace sua sombra. “As letras das músicas, não só da Fresno, mas também de outras bandas, são reflexos do que a pessoa vive. Uma das grandes virtudes da Fresno é isso: as letras se adaptam ao nosso cotidiano, as coisas que a gente enfrenta diariamente”, comentou Vavo. “A coisa que eu menos gosto é quando uma banda que eu curto lança um disco e eu falo ‘nossa, é exatamente igual há anos atras’” completou o guitarrista.

Imagens da gravação do CD/DVD ao vivo no Audioclub%2C em São Paulo

Imagens da gravação do CD/DVD ao vivo no Audioclub, em São Paulo

Foto: Divulgação/Luringa

Do cenário do emocore que explodiu no Brasil em meados de 2004 e se estendeu por mais uns quatro anos no país, Vavo identifica que “tudo isso que é muito segmentado tem data de validade”. Com origens na década de 1980 nos Estados Unidos, o estilo chegou às terras tupiniquins sendo associada ao rock underground e, até mesmo, a um estilo de vida, como critica o guitarrista: “Quando chegou a um grande publico através de matérias do “Fantástico” ou da “Revista Época” eles não mostravam o seu verdadeiro significado, começaram a tratar como um modelo de se vestir e se comportar, distorcendo a parte musical que vinha da década anterior”.

Atualmente, Vavo enxerga o cenário da música brasileira com ascendência de qualidade musical. “A música está democratizada com a internet. Antes era pela rádio e televisão que a musica chegava às pessoas, mas agora as pessoas vão atrás da música”, comenta. “O que eu digo sempre para galera é para acompanhar de perto o cenário musical que tem muita banda nova e talentosíssima. Vão aos shows, vão atrás! Só de comparecer a um show já incentiva o pessoal a continuar com o trabalho”, completou. Fã da banda Scalene, formada em 2009 na capital brasileira, Vavo comenta que frequentemente a Fresno recebe discos de novas bandas para ouvir. “A gente vai escutando e vendo como foi crescendo esse cenário. Eu prevejo um bom futuro musical para o Brasil”, finalizou o guitarrista.



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