Ator conta bastidores de ‘Chaves’: ‘Roberto Bolaños tinha muita inveja do Kiko’

Carlos Villagrán disse no “Programa do Porchat” como deixou o programa e afirma que o sucesso tinha subido à cabeça do intérprete de Chaves

Carlos Villagrán, imortalizado como o Kiko do seriado “Chaves”, contou os bastidores tensos do mexicano em entrevista ao “Programa do Porchat”, exibido na madrugada desta quinta-feira (8). O ator, de 72 anos, comenta sua relação nada amistosa com o criador da atração, Roberto Bolaños – que morreu em novembro de 2014.

Villagrán fala das rusgas com Bolaños

Villagrán fala das rusgas com Bolaños

Foto: Antonio Chahestian/Record

Ele lembra como “Chaves” começou. “Quando fizemos o primeiro não era um programa, era uma esquete de 10 minutos, que fazia parte de uma programação de uma hora. O Roberto me ligou e disse: ‘você vai ser um menino’. Eu tinha 29 anos, fui procurar figurino e encontrei um traje de marinheiro. Eu criei o choro, os gestos, o ‘cale-se, cale-se, você me deixa louco’ e o ‘gentalha, gentalha’. Ele não tinha ideia de como seria o personagem, tudo isso é meu”.

A convivência foi harmoniosa até certo ponto. “Éramos uma familia, até que o Roberto começou a fazer coisas erradas. Ele acreditou que, como escrevia o roteiro, tudo era criação dele e começou a pensar: ‘eu sou um gênio’. Ele menosprezou os companheiros, todos. Ele se elevou a autor e compositor de todos: dono da Chiquinha, da Bruxa do 71, do seu Madruga, da Dona Florinda, do Seu Barriga, do Nhonho”.

O ator ficou bem à vontade no papo com Porchat

O ator ficou bem à vontade no papo com Porchat

Foto: Antonio Chahestian/Record

Desavenças

Villagrán afirma que o sucesso de Kiko causou ciúmes no ator. “Eu fiquei no programa por 8 anos. Nós faziamos turnês pelo Chile, pela Argentina, em todos os lugares, e o Kiko era mais popular que o Chaves. Nas entrevistas coletivas, 70% das perguntas eram para o Kiko. Isso despertou inveja, ciúme, e começaram a querer tirar o Kiko da turma”.

Carlos Villagrán com o boné de Kiko%2C personagem que o eternizou

A decisão comprometeu o programa. “Eu fui tirado, e o seu Madruga (Ramón Valdés) não gostou, questionou e quis sair duas semanas depois em solidariedade. Depois disso, o programa começou a acabar”. A presença do pai de Chiquinha era fundamental para o andamento das histórias.

“Se tira o seu Madruga, Dona Florinda fica sem ter com quem brigar. A Bruxa do 71 fica sem motivo para morar na vila. Ele era o protetor do Chaves. E a Chiquinha ficou orfã. Tudo girava em torno dele”. O ator diz que Valdéz morreu sem fazer ideia do quanto era querido em terras tupiniquins. “Ele não se deu conta de que era tão famoso aqui. Tem 34 anos que ele morreu… Eu adorava o Seu Madruga”.

Ao sair de “Chaves”, o ator não conseguiu mais emprego em seu país. “A Televisa me vetou, não podia trabalhar no México por causa do Bolaños e do Emilio Azcárraga, dono da emissora, que mandou fax dizendo para ninguém me dar trabalho senão acabaria com o ‘Chaves’ e as novelas mexicanas. Eu passei maus bocados, mas sempre tive trabalho”.

Ele recorda a solução encontrada para fazer mais episódios sem um dos principais personagens. Eles disseram: ‘Kiko se foi porque não aguentou a gentalha e foi morar com uma tia milionária’.

Desde essa desavença, Villagrán nunca mais falou com o criador de “Chaves”. “Tentei muitas vezes falar com ele depois, mas não me atendia, dizia que não queria falar comigo. Ele teve, até certo ponto, muita inveja do Kiko”, afirmou.



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