‘Elis’ cumpre dívida histórica e faz merecida homenagem a Elis Regina

Cinebiografia conta a trajetória da cantora mais de 30 anos após sua morte e presenteia o público com atuação marcante de Andreia Horta

Mais de 30 anos após a morte de Elis Regina, a cantora finalmente uma merecida homenagem nos cinemas com “Elis”, filme que estreia em todo o País nesta quinta-feira (24). Com uma atuação marcante de Andreia Horta, a memória de uma das cantoras mais importantes do Brasil é preservada no novo longa de Hugo Prata.

Andreia Horta interpreta Elis Regina em

Andreia Horta interpreta Elis Regina em “Elis”, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (24)

Foto: Divulgação

Focado no período entre a chegada da cantora ao Rio de Janeiro, nos anos 1960, e sua morte, em 1982, “Elis” dá uma aula superficial sobre a MPB das décadas de 1960 e 1970, mas acerta ao mostrar uma faceta de Elis Regina que talvez não fosse conhecida pelo grande público.

O filme toca em temas delicados não só da carreira da cantora, mas também de sua vida pessoal, como as crises conjugais com Ronaldo Boscôli (interpretado por Gustavo Machado) e César Camargo Mariano (Caco Ciocler).

Um dos pontos altos de “Elis” é a atuação de Andreia Horta. A atriz conseguiu captar todos os trejeitos da cantora e levar sua força para as telonas – além da caracterização ter ajudado muito.

Entretanto, o filme se atropela nos temas: a passagem dos anos e das fases da cantora não é bem explícita e os quase 20 anos que a trama mostra parecem se espremer na 1h55 de duração do longa.

Apesar disso, “Elis” cobre as passagens mais importantes da carreira da cantora: seu surgimento, a amizade com Miele (Lucio Mauro Filho), o programa “O Fino da Bossa” ao lado de Jair Rodrigues (Ícaro Silva), o show nos Jogos Militares, o entrevero com Henfil (Bruce Gomlevsky) e as relações com maridos e filhos.

O lado pessoal da Pimentinha é bastante explorado na trama. O filme mostra a cantora como uma mulher forte, mas que acaba sucumbindo às pressões da fama e da época em que vivia. Um dos pontos-chave para isso é a difamação que ela passa a sofrer perante a opinião pública após o show nos Jogos Militares.

Não é exagero dizer que a gaúcha era uma mulher a frente de seu tempo. As suas ideias de quebrar a indústria da música e se sustentar sem depender de gravadoras apareceram décadas antes de isso começar a ser discutido e de fato arquitetado pelos artistas – e é exatamente essa a imagem que as pessoas, principalmente aquelas que não foram contemporâneas da artista, têm a partir do filme.

Elis Regina morreu em 1982, em São Paulo, e foi tema de diversas biografias, inclusive uma lançada em 2015 por Julio Maria. Mas foi só 34 anos após sua morte que a cantora ganhou uma merecida homenagem nas telonas – e finalmente foi mostrado às novas gerações o que de fato foi o furacão Elis Regina.



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