Yanna Lavigne seduz em cenas de nudez e cresce em trama de novela
Olhos puxados do pai e a cor dourada da pele da mãe fizeram Yanna Lavigne ser escolhida para o papel da prostituta Mimi
A atriz Yanna Lavigne carrega em seu DNA uma combinação inusitada. “Sou filha de um japonês com uma baiana. Essa mistura deu uma brasilidade que só a minha casa tem”, diz Yanna. Ela conta que a educação japonesa mais rígida do pai não prevaleceu em sua criação. “A cultura baiana equilibra. Elas se complementaram”, garante.
Yanna Lavigne é destaque em “Liberdade, Liberdade”
Foto: Anderson Borde e Felipe Assumpção / AgNews
Yanna, que morou no Japão até os 19 anos, foi modelo antes de ser atriz. Quando voltou ao Brasil, fez a Oficina de Atores da Globo e logo começou a trabalhar. Sobre o período em que morou na Terra do Sol Nascente, ela lembra de práticas que leva para a vida. “Lá existe esse exercício da disciplina, a cultura milenar. Já o melhor do Brasil são as pessoas, o calor humano”, analisa.
Dona de um visual exótico, ela foi convidada pelo produtor de elenco André Reis e pelo diretor Vinicius Coimbra para interpretar a prostituta Mimi, em ‘Liberdade, Liberdade’. “Gostamos muito dela. Quando pensei na Yanna, o Vinicius concordou imediatamente”, lembra André. Satisfeita com o desafio, a atriz paulistana admite que de início teve dificuldades para se preparar para o papel. “Me entreguei nesse trabalho, pesquisei muito. Fiquei bem mexida em ouvir as histórias de tantas mulheres que vivem de vender seus corpos. Isso não é nada fácil.”
No folhetim, Mimi é uma mulher sedutora e trabalha no cabaré de Virgínia (Lilia Cabral). A prostituta desenvolve uma delicada amizade com André, vivido pelo ator Caio Blat. Os dois personagens têm vidas marginalizadas: ela, uma prostituta, e ele, um gay enrustido, naquela época.
“Um precisa do outro, o afeto vai crescendo com a amizade”, avalia a atriz. Os temas polêmicos orbitam ao redor de sua Mimi, que não teme a opressão já sofrida e decide não interromper uma gravidez acidental. André é solidário e diz que vai assumir o filho dela. A intérprete acha que a atitude do personagem de Caio Blat é louvável, e que na relação deles não cabe preconceito.
“Se eu estivesse na pele da Mimi, ficaria muito feliz que o André quisesse ser pai do meu filho. O fato de ele ser homossexual não é uma questão, nunca seria.”
Na vida, ela não declara sua posição a respeito da legalização do aborto, mas acha importante a discussão do tema. “Temos um código penal que prevê que ele seja realizado quando significar risco de vida para a gestante, quando resultar de ato de estupro, entre outras situações. Acho válido falar sobre a questão, mas cada caso deve ser analisando isoladamente. Não é bom ter uma lei engessada, até porque temos uma realidade bem triste de que o aborto clandestino é a segunda maior causa de morte materna no país”, pondera.
André prefere homens, mas e Mimi prefere André? A atriz acha que sim. “Ela nunca foi tratada tão bem quanto é por André. Essa relação se tornou admiração rapidamente. Acho que ela gosta dele”. O destino de André e Mimi ainda é uma incógnita, mas o par, que não é casal, já dá o que falar. A cena em que a prostituta se despe para o amigo, tentando seduzi-lo, causou alvoroço nos espectadores. O episódio movimentou as redes sociais. “André suando frio kkkkkkk”, comentou karenkfs, no Twitter.
Yanna é discreta, ao contrário de Mimi, que movimentou ainda mais a novela com cenas ousadas: fez strip-tease, tomou banho de rio nua com as outras meninas do bordel e beijou a prostituta Gironda, papel da atriz Hanna Romanazzi. “As cenas de nudez não são exatamente fáceis, mas faz parte do meu trabalho e estão no contexto. O Vinicius e a equipe tiveram todo cuidado pra que a coisa fluísse bem”, revela, entregando que embora a nudez não seja um problema, ela não pretende ver seu corpo exposto em uma revista. “Não posaria nua.”
A atriz está satisfeita com a trajetória profissional que vem construindo e acredita que o ator deve estar preparado para os desafios que surgirem. “Tem que ser visceral. Amo o que faço, estou disposta a qualquer mudança que um bom personagem exigir”, confessa. Curtindo o bom momento, ela diz estar solteira e prefere que o tema dos assuntos em entrevistas seja seu trabalho. “A curiosidade das pessoas nem me incomoda. O que não curto é a forma de abordagem de alguns veículos, mas acho natural o interesse.”
Curiosos também estão os espectadores sobre o destino da personagem que vem crescendo na trama. Mimi já foi levada pela família de Branca (Nathalia Dill) para a casa deles, que se fizeram de bons samaritanos oferecendo abrigo e apoio, mas na verdade, desejam em troca o filho que ela espera, já que Branca perdeu seu bebê e quer continuar enganando Xavier (Bruno Ferrari).
Yanna vai sofrer bastante nos próximos capítulos, aprisionada, junto com sua personagem e com a ameaça de ser descartada após o nascimento do filho. A história do folhetim ainda promete e a de Yanna também.
A atriz confessa não ter preconceitos, e exerce a empatia quando fala da profissão de sua personagem. “Cada uma sabe das razões que levaram a essa escolha. Em geral, vemos atitudes de desespero diante de uma vida de poucas oportunidades”, reflete.
*Por Bruna Condini