Ocupação Glauco resgata lado espiritual do artista, diz viúva ao iG
Além de recorte sobre a obra do artista, exposição em cartaz até 21 de agosto no Itaú Cultural, provê acesso ao processo criativo de Glauco
Registro do cartonista que integra a exposição
Foto: Divulgação
A Ocupação Glauco, em cartaz até o dia 21 de agosto no Itaú Cultural, tem como objetivo “mostrar a genialidade do artista, que encurtava caminhos e fazia o complexo parecer fácil de fazer”, observa ao Claudiney Ferreira, gerente no Núcleo de Audiovisual e Literatura do instituto e integrante da equipe curatorial da ocupação.
“A Ocupação Glauco fecha um ciclo depois da Ocupação Angeli (2012) e da Ocupação Laerte (2014)”, contextualiza Ferreira. “Três eventos que colocaram em evidência a produção de um trio de quadrinistas referencial em nosso país e que, além de amigos, trabalharam em conjunto na notória série ‘Los Tres Amigos’”.
O gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural ressalva que essa trilogia se construiu de maneira acidental, mas se mostra satisfeito com o recorte que possibilitou sobre a arte do cartum. “Cartum e charge estão entre os formatos que ganham novos horizontes com novas tecnologias de informação”, comemora o produtor do evento, Ricardo Tayra.
A viúva de Glauco, Beatriz Veniss, acredita que a exposição consegue exprimir as fases da vida do cartunista assassinado em 2010. “Há detalhes que nem mesmo eu tinha visto ainda, como o vídeo de entrevistas antigas do Glauco para a EPTV de Ribeirão Preto”. Beatriz não pautou a curadoria da ocupação, mas participou ativamente do processo criativo. “Eu abri o acervo que eu tenho em casa a produtores do Itaú Cultural para eles pesquisarem e depois gravei alguns depoimentos, mas não fiz sugestões”.
Charge que integra a Ocupação Glauco
Foto: Reprodução
Foi melhor assim, pontua Beatriz que destaca que a mostra privilegia a vida “pessoal” e “espiritual” de seu marido. “É uma característica de toda ocupação se enveredar um pouco na vida de cada artista, mas o foco do evento é na obra” complementa Ferreira. “A utilização de detalhes pessoais é subjetiva e foi determinada durante o processo de curadoria”.
A vocação de uma mostra como essa em traduzir um artista para o grande público norteou o trabalho de curadoria. “É uma forma de possibilitar uma visão mais ampla do universo do artista e isso pode interessar tanto ao público em geral, como quem quer trilhar caminho semelhante”, exemplifica Ferreira. Para ele, a importância dos trabalhos incompletos no espaço atende a essa demanda da ocupação. “Não é só ter uma ideia e sair rabiscando. Não necessariamente a primeira versão que é finalizada”.
O humor ácido de Glauco, característica que Beatriz mais valoriza em seu trabalho, recebe maior destaque na ocupação. Não poderia ser diferente, argumenta Ferreira. “Seria então impossível tratar de Glauco e sua obra sem tratar de humor”.
Até 21 de agosto, no Itaú Cultural
De terça a sexta-feira, das 9h às 20h
Sábado, domingo e feriado, das 11h às 20h
Entrada gratuita