Fruto de desilusão amorosa,’The Getaway’ reafirma força do Red Hot Chili Peppers
Banda formada por Anthony Kiedis, Flea, Chad Smith e Josh Klinghoffer retorna com disco inspirado e cheio de potência
Para além de “Dark Necessities”, que liberada há pouco mais de um mês para juntar-se ao rol de hinos do Red Hot Chili Peppers ao lado de “Can´t Stop”, “By The Way”, “Californication”, “Dani California”, entre outras, “The Getaway”, finalmente lançado nas plataformas de streaming e lojas mundo afora, é um disco que mostra toda a grandeza da banda californiana.
Red Hot Chili Peppers apresenta um disco cheio de groove e potência e convence
Foto: Ellen von Unwerth / Divulgação
O 11º álbum de estúdio do grupo ganha contornos históricos por ser o primeiro produzido por Danger Mouse, homem por trás de hypes como The Black Keys, Gorillaz e Beck. A colaboração com Mouse fez com que “The Getaway” se tornasse o primeiro disco desde “Mother´s Milk” (1989) não produzido por Rick Rubin. A mudança fez bem e as pimentas vermelhas estão mais picantes do que nunca.
O disco abre com a faixa-título, uma road trip para a praia com direito a um riff pulsante de Josh Klinghoffer que acrescenta frescor ao consagrado tiembre de Anthony Kiedis. A música é simples, mas carrega o DNA da banda. Justamente por isso sinaliza o que o restante do disco acaba por confirmar. O Red Hot sabe que é grande e não tem vergonha nenhuma disso.
“Dark Necessities”, que vem logo na sequência, ratifica essa impressão e deixa a pulga com o fã e ouvinte: estaremos diante do maior trabalho da banda? Não é o caso. Mas ao fundir funk progressivo, sintetizadores e um rock divagante, o Red Hot se abre para possibilidades e cativa quando sai da zona de conforto como com “Go Robot”, que aposta na sonoridade etérea do teclado e em riffs modernos, ou “Goodby Angels”, que aposta no baixo de Flea e em quebras de ritmo para reimaginar a sonororidade da banda nos anos 80.
“Dreams of Samurai”, que fecha o disco em uma pegada completamente diferente do que se poderia imaginar, é uma canção radicalmente diferente de tudo que o Red Hot já apresentou e um tanto disforme do que eles criaram em “The Getaway”. Justamente por isso é uma surpresa e fecha muito bem o álbum com uma mistura de piano, vocais femininos e tempo para cada integrante da banda brilhar.
Arte da capa do álbum “The Getaway”
Foto: Divulgação
As baladas, que sempre marcam presença em álbuns da banda, surgem aqui representadas por “The Longest Wave”, “Sick Love” e “The Hunter”, frutos de uma decepção amorosa de Anthony Kiedis. Elas cumprem seu papel e deixam o disco mais efetivo.
“Detroit”, que fala de amor e da ruína da cidade dos automóveis, é uma experiência sonora que prova que o Red Hot ainda tem lenha para queimar. “Am I on the right side of the left side of your Brain/Can you see the rising of old yesterday´s remains”, canta Kiedis apostando em um vocal mais alto. A faixa antecede “This Ticonderoga”, a canção mais pesada do disco e que faz uma ode ao rock melódico para falar de amor, amizade e amadurecimento. Com muitas rupturas rítmicas, a faixa exige de Kiedis falsetes e energia para acompanhar sua potência.
A banda Red Hot Chili Peppers
Foto: Ellen von Unwerth / Divulgação
Kiedis, Klinghoffer, Flea e Smith dividem o crédito da canção e é inevitável pensar que não sejam os anos de estrada, na vida e no rock, os responsáveis por versos como “We are just soldiers in this battlefield of life (Somos apenas soldados neste campo de batalha da vida)/one thing that´s for certain is my burning apetite (uma coisa que é certa é meu apetite insaciável).
Um brinde ao apetite desses tiozões do rock!